terça-feira, 9 de março de 2010

Reflexão sobre o perfil educacional dos anos 70 aos dias de hoje

OLIVEIRA, Maria Luciana Ricetto


Ao longo da história da humanidade, por inúmeras vezes percebemos a sensibilidade de alguns educadores em utilizar a educação como ferramenta capaz de transformar, minimizar e equilibrar situações de desigualdade nos âmbitos sociais, intelectuais, comprovando a tese de que somente pela educação transformaremos e formaremos seres capazes de reproduzirem com consciência o seu papel em uma sociedade devidamente organizada. Sabemos que na prática isso nem sempre se tornou viável e nos dias de hoje colhemos os frutos de uma educação fragmentada, que resiste aos percalços do tempo, mas que ainda me parece ser a única forma de equilíbrio, justiça e igualdade entre os seres humanos e o espaço onde vivem.

Analisando a história da educação no Brasil no nível superior nos últimos 40 anos segundo estudo do texto de Marilena Chauí, podemos verificar que os interesses da minoria estão sempre a frente, minoria esta capaz de aplicar na educação os interesses que motivam a sua classe específica. Nos anos 70 tivemos claramente nas universidades brasileiras o período da “Universidade Funcional”, onde o governo era o grande gestor dos interesses educacionais, repassando assim para o ensino superior a formação de mão-de-obra capaz de suprir as necessidades do governo naquele momento histórico, ou seja, havia o adestramento dos estudantes em benefício dos interesses estatais representados neste momento pelo Militarismo. Nos anos 80 com a transição do Militarismo para o Presidencialismo, a nomenclatura para as universidades passou a ser “Universidade de Resultados”, onde as empresas, movidas pelo Capitalismo desenfreado investem nas pesquisas em âmbito de ensino superior a fim de que mais uma vez na história, as necessidades de tal setor fossem comodamente supridas pela massa estudantil. Com o advindo dos anos 90, as mesmas universidades passaram a “Universidade Operacional” onde a aceleração dos estudos é primordial e se evidencia a valorização da pesquisa em detrimento à formação, pesquisa esta amplamente contestada por muitos estudiosos por entenderem que a mesma não produz a curiosidade capaz de evidenciar o “novo”.

A educação na verdade resistiu a todas as transformações e injustiças ao longo de sua trajetória pelo simples fato de que em todos os tempos tivemos educadores brilhantes capazes de contestar os interesses de alguns em detrimento do equilíbrio social pela educação. Penso que enquanto tivermos a chama viva da responsabilidade que nós educadores acendemos, quando optamos pela missão de educar e sermos educados em nossa consciência e prática educacional, estaremos minimizando e contribuindo para uma sociedade mais justa, livre e equilibrada e vislumbraremos um futuro como tantos outros imaginaram no passado, livre das amarras dos interesses da minoria.

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