terça-feira, 9 de março de 2010

A Educação frente aos interesses do Neoliberalismo

COSTA, Samantha Sampaio da

Em uma sociedade capitalista, o Estado atende aos interesses do capital. A escola, que funciona, na maioria dos casos, como aparelho ideológico do Estado, acaba sendo um dos meios de garantir os interesses do capital e de reproduzir as desigualdades sociais.

Para que o sistema capitalista se mantenha, é necessário que o pensamento da população seja homogêneo. Não é interessante para o Estado nem para o capital, que as escolas formem pessoas conscientes e críticas. E é através da escola, além dos grandes meios de comunicação em massa, que Estado e capital irão difundir determinada maneira de pensar.

A partir da metade dos anos 40 até meados dos anos 70 do século XX, período de expansão do sistema capitalista e da consolidação do Estado do bem-estar social, é evidente o uso da educação para uniformizar a sociedade.

O Taylorismo e o Fordismo são a base do Estado do bem-estar social. As empresas e o Estado necessitam de uma população “especialista” e não com uma visão totalizante. São necessários apenas técnicos e não há a necessidade de universidade para todos.

Com o advento do neoliberalismo, a subordinação do Estado passa a ser maior e, dessa forma, a educação se torna ainda mais subordinada aos interesses financeiros. O Estado, que garantia serviços públicos, vai se tornando mínimo. A privatização passa a ser a marca do Estado. O que era público passa a ser considerado ineficiente e não lucrativo, e vai para as mãos do capital privado.

Com a venda das estatais, o Estado teria mais tempo, eficiência e dinheiro para investir na sociedade. Mas, o que ocorreu, se deu de forma contrária. Saúde, previdência, educação ficaram com verbas mínimas, enquanto os altos investimentos eram feitos em estradas, hidrelétricas, em infra-estruturas para o desenvolvimento dos setores privados da economia.

A educação se tornou uma mercadoria, e a escola passou a ter fregueses. Esses querem satisfazer suas necessidades e seus desejos criados pelo capital. O meio utilizado para se ter capacidade de satisfazer esses desejos é a escola. Essa é a garantia de se dar bem na vida e enriquecer. A competição e o desejo de ser reconhecido chegam às escolas. Fregueses e professores passam a fazer de tudo para a “formação” para o mercado de trabalho.

Se até a escola contribui para a manutenção desse sistema disseminador da desigualdade social, parece não haver saída. Porém, a educação pode romper com esse ciclo de alienação. A sociedade é condicionada pela base material, mas não é determinada. Existe a possibilidade de rompimento. A educação também reproduz os conflitos existentes na sociedade podendo criar no indivíduo a consciência crítica. Esse indivíduo pensante pode agir e transformar a realidade.
A participação do professor como agente social pode desfazer os nós que prendem os alunos e torná-los livres da ideologia imposta pela economia.

A educação não vai derrubar por terra o sistema neoliberal, suas desigualdades e a competição desenfreada, mas pode aflorar no indivíduo a ambigüidade e o incômodo. Esse indivíduo pode ter seus olhos abertos, se ver e se reconhecer perante os outros indivíduos. Se reconhecendo e reconhecendo o seu papel na sociedade, o indivíduo não irá só satisfazer as necessidades criadas pelo sistema neoliberal, mas passará a agir na sociedade e a mudar a história.

De tal maneira, parece existir uma guerra entre a educação crítica e a realidade imposta. O neoliberalismo vai se mantendo e se reproduzindo. Enquanto isso, novos seres pensantes surgem, educadores agem e pequenas transformações acontecem na sociedade.

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