quinta-feira, 11 de março de 2010

“NEOLIBERALISMO é o novo caráter do velho capitalismo” (Frei Betto)

MIRANDA, Izilda da Silva

Desde as primeiras acumulações de capitais, ocorridas ainda nos tempos medievais até os dias de hoje, percebemos que a riqueza acumulada por alguns setores da sociedade foi feita à custa da exploração de uma massa que vivia orquestrada pela ideologia teocêntrica da Igreja.

No início dos tempos modernos, o comércio europeu em estagnação necessitava expandir-se. O Estado interventor absolutista, apoiado pela burguesia, lançaram mão das práticas mercantilistas. Os países ibéricos deram um grande passo iniciando a colonização do Novo Mundo, fato que custou a vida de milhares de pessoas. Em contrapartida, formou-se uma elite colonial que possuía uma forte relação com o pacto colonial, pois, estava interessada em garantir seus interesses particulares.

Toda a estrutura da colonização foi abençoada pela Igreja, que em nome da expansão da fé cristã, facilitou a europeização sobre o novo continente, mas não combateu a dizimação dos ameríndios e a escravidão de africanos.

Com o advento da Revolução Industrial, no século XVIII, o capitalismo consolidava-se, bem como, o Estado Liberal. A Europa, começando pela Inglaterra, adquiria a hegemonia mundial. Entretanto, a classe operária reagiu à “escravidão branca” a que lhe foi imposta e, influenciada pelas idéias socialistas e anarquistas perceberam que somente politizados e conscientes de que é o trabalho que gera riquezas, conseguiram o direito ao voto, a diminuição da jornada de trabalho e melhores salários.

No final do século XIX, a burguesia européia ficou estarrecida como a ação revolucionária dos comunards – pela primeira vez, acontecia em Paris a formação de um governo socialista – “O temor à “Revolução Proletária – A comuna de Paris foi importante não apenas por aquilo que realizou, mas também por aquilo que anunciou; foi mais formidável como símbolo do que como fato. Sua história verdadeira é obscurecida pelo mito enormemente poderoso que gerou, tanto na França como (através de Karl Marx) no movimento socialista internacional; um mito que reverbera até hoje (...)” (E.Hobsbawm.A era do Capital: 1848 – 1875 – 3- Ed- Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982).

A Segunda Revolução Industrial – 1850 a 1945, não garantiu a todas as potências econômicas européias o direito de explorar igualmente os povos afroasiáticos. Divergências e disputas, associadas ao nacionalismo, levaram aos grandes conflitos mundiais do século XX.

Além das ditaduras de extrema direita, o mundo capitalista foi fortemente abalado pela Grande Depressão. O Estado liberal estava em crise, para solucionar os problemas do velho capitalismo, entrou em ação o Estado Keynesiano.
No Brasil, Vargas com claras intenções de permanecer o maior tempo possível no poder, atendeu as reivindicações da classe operária brasileira. De certa forma, ou bem ou mal, o estado do bem-estar social, tinha sido inaugurado no país.

As contradições do governo Varguista levaram à sua queda em 1945. Diante de uma nova ordem mundial, os governos democráticos que sucederam a Era Vargas, foram fortemente pressionados pela Guerra Fria. Os Estados Unidos da América passaram a intervir diretamente no Brasil, através de grandes empréstimos ou através das transnacionais, que aqui passaram a controlar todos os setores da nossa economia. A interferência ficou clara, quando em 1964, o presidente civil João Goulart foi deposto pelo golpe militar. Iniciava-se os longos anos da ditadura, benéfica apenas para alguns setores da sociedade, mas prejudicial ao resto da população . Aumento da desigualdade social, favelização, analfabetismo e mortalidade infantil estavam estampados em todos os cantos do país.

A partir de 1973, a ditadura militar caía em desgraça. O “milagre brasileiro” ruía-se. Em 1985, o povo brasileiro acreditava que a repressão já era coisa do passado. Inaugurava-se a “Nova República”.

Em 1989, em uma das mais espetaculares campanhas presidenciais já vista nesse país, o povo foi às urnas para escolher entre um candidato operário ou um candidato “caçador de marajás”. Collor de Mello, foi eleito e fez exatamente como queria os defensores do “neoliberalismo”: abriu a economia do país, colocou o Brasil na era da economia globalizada. Mas, foi o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) que satisfez o grande capital. Utilizando argumentos de que o neoliberalismo seria capaz de promover o crescimento do Estado, bem como o bem estar da população iniciou uma onde de privatizações e de juros altos que satisfaziam o mercado financeiro.

Em 2008, a crise financeira internacional colocou em xeque o capitalismo neoliberal. O Estado é chamado a intervir novamente. “Na lógica neoliberal o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser “invisível” para voltar a ser “visível”. Em outras palavras, a intervenção do Estado tem sido regra e não a exceção por muitas décadas.“É o pendulo do relógio que, mais uma vez, se movimenta, a sinalizar que mais um ciclo do capitalismo chega ao fim”(Dejalma Cremonese”). É só esperar para ver.

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